Fantástico - Quadros - NOTÍCIAS
Tomar um chazinho para relaxar e dormir mais tranquilo é uma coisa. Outra coisa é usar chás para tratar doenças.
À base das chamadas plantas medicinais, eles são apresentados em forma de chás, extratos e pomadas. E anunciados como milagrosos para a cura de várias doenças - das mais simples às mais graves. Não é bem assim. Começa a nova série do Doutor Drauzio Varella: "É bom pra quê?"
Um chazinho de ervas pra algum mal estar, pra uma dorzinha de barriga chata. Difícil encontrar alguém que nunca tomou. As receitas da vovó, feitas com as plantas do quintal, são usadas por todo mundo, no mundo todo. Na Argentina, na Itália, na África, em Israel, no Japão.
Mas será possível existir alguma coisa capaz de nos livrar de praticamente todas as doenças? E ali, no jardim, no quintal, na roça, na feira, ao alcance da mão?
“Embora tenham muitas plantas que originaram muitos medicamentos, nenhuma delas tem essa possibilidade para curar todos os males”, defende João Batista Calixto, professor de farmacologia da UFSC.
Drauzio Varella: A Organização Mundial da Saúde recomenda o tratamento com plantas e com fitoterápicos?
Newton Lemos (assessor da Organização Mundial de Saúde no Brasil): Eu não usaria a palavra recomenda. Existem regiões de alguns países em desenvolvimento e, majoritariamente os países da África, em que algumas vezes a opção preferencial é pelo fitoterápico. Ela não é nem preferencial, ela é quase mandatória porque as pessoas não têm outra opção terapêutica.
“O açafrão, a gente fala que é como se ele fosse um corticóide. Ele diminui o processo inflamatório no local das células tumorais. Ajuda a curar o câncer do paciente? Então, é por isso que a gente utiliza pra ela, pra dona Diva”, diz a médica fitoterapeuta Hilcey Rodrigues Costa.
Drauzio: Você, como médico, se sentiria à vontade de receitar fitoterápicos pra doenças mais sérias, um pouco mais graves?
Newton Lemos: Não. Eles não são indicados.
Dona Diva teve câncer de mama e agora frequenta o hospital de medicina alternativa de Goiânia. “A Dona Diva tem pressão alta. Então, nós estamos usando os hibiscus, que é uma planta para auxiliar na pressão. A rauwolfia que é outra planta. E a cúrcuma, que é o açafrão”, relata Hilcey.
“As pessoas têm a ideia de que, se não vai mudar, pelo menos, não atrapalha. Diferentemente dos remédios tradicionais, que têm alguns efeitos colaterais, a impressão que as pessoas têm é que não vai fazer mal. Isso nem sempre é verdadeiro”, afirma o médico Daniel Deheinzelin.
A hipertensão, pressão alta, afeta o coração, o pulmão, vários órgãos.
“A ideia, por exemplo, de tratar uma doença crônica como a hipertensão, não é só aliviar os sintomas, mas é impedir a progressão pra outros quadros. Infelizmente, para esse tipo de preparado, a gente não tem nenhuma evidência. Isso não foi testado da maneira como foram testados outros remédios”, explica Deheinzelin.
Na falta de testes, o argumento mais comum para defender o uso de plantas como remédios é a tradição. Uma das plantas receitadas para a Dona Diva já era usada na Índia mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Os hindus empregavam a rauwolfia serpentina para dor de cabeça, picada de cobra, para tratar ferimentos e diversas doenças.
Mas enquanto a medicina era feita dessa maneira, epidemias matavam populações inteiras; éramos incapazes de impedir a progressão das doenças, ou mesmo de aliviar a dor. As pessoas morriam cedo e sofriam mais.
A milenar medicina chinesa era tão precária que, até o início do século passado, os chineses viviam, em média, pouco mais de 30 anos. A grande mudança aconteceu na primeira metade do século XX, com descobertas como a da penicilina, o primeiro antibiótico. Antes dessa revolução, a expectativa de vida, na Europa desenvolvida, era de 40 anos. Hoje dobrou. Em alguns, países já passa dos 80.
Já fazia anos que o cientista inglês Alexander Fleming pesquisava uma maneira de destruir bactérias. Em julho de 1928, ao voltar de férias, deu de cara com o que procurava. Uma placa de vidro, deixada no laboratório, estava tomada por um bolor estranho. E a colônia de bactérias que crescia ali tinha parado de se desenvolver. Fleming acabava de descobrir um fungo capaz de matar bactérias sem causar mal às pessoas. Do bolor, ele tirou a penicilina, o remédio que todos os médicos esperavam. Na Segunda Guerra Mundial, a penicilina salvou seus primeiros milhares de vidas. E não parou até hoje.
Drauzio: Como o Conselho Federal de Medicina vê esses tratamentos realizados com plantas medicinais?
Roberto Luiz D’Avila (Presidente do Conselho Federal de Medicina): Com preocupação. E nós já alertamos, inclusive, as autoridades públicas sobre isso. Isso me parece muito mais um remendo, que transforma aquilo que deveria ser de qualidade num arremedo de um tratamento. As pessoas estão enganadas. As pessoas estão recebendo algo que não é o melhor.
“A atenção dos médicos é a gente ir daqui até o posto médico lá na entrada de Conceição”, conta a dona de casa Elizabete Borges de Souza, moradora da Comunidade Boa Vista do Itá. Eles vão de bicicleta ou andando.
“Se o mal for de morte, até que os exames fiquem prontos pra ter que voltar com o médico de novo, já morreu, né?”, diz Elizabete.
Ela conta ainda que eles não têm acesso a remédio. O que a comunidade usa em lugar dos remédios que não chegam é colhido em uma horta.
Na região Norte do Brasil, onde fica Boa Vista do Itá, há um médico para cada mil habitantes. E 75% dos médicos trabalham só nas capitais.
Na região Sudeste, esses números são melhores. Mas nem por isso os pacientes estão satisfeitos com o tratamento que recebem.
Luciana Osório, jornalista que trabalha no Fantástico, está com um problema no punho da mão esquerda. “Eu sinto uma dor muito forte em toda essa região e é muito difícil fazer qualquer movimento”, diz a jornalista.
O doutor Drauzio Varella avalia a radiografia do punho dela: “O espaço que fica entre os ossos do punho são as juntas que fazem a articulação. Essas juntas são formadas por membranas. Uma delas é chamada de membrana sinovial. O problema dela é que ela tem uma inflamação nessa membrana sinovial. Há uma bolinha cheia de calcificações e é esse processo inflamatório que está provocando a dor”.
“Na primeira consulta, que durou dois minutos, o médico disse que eu tinha tendinite. Num outro dia, fui a uma unidade municipal de pronto-atendimento. A espera foi de cinco horas. Mas a consulta também levou rápidos dois minutos. Mesmo diagnóstico: tendinite. Terceira tentativa. Duas horas na fila e um ortopedista bem objetivo”, conta Luciana.
Médico: “Caiu, bateu ou torceu?”
Luciana: “Doutor, minha história é um pouquinho mais longa”
Médico: “Que foi?”
Luciana: “Estou com uma dor no punho”
Médico: “Posso ver? Você deixa?”
Luciana: “Pode, tem mais”
Médico: “Doeu, amor?”
Luciana: “Tem mais de três semanas”.
Médico: “É tendinite, amor”
Diagnóstico em 13 segundos. Luciana nem sentou.
Médico: “Você está enferrujada”
“No quarto dia, eu tive que ir a quatro lugares”, diz Luciana. “Só consegui ser atendida no último. Esperei pouco. A consulta foi rápida, dois minutos e 45 segundos. Também não fui convidada a sentar, mas o médico acertou”.
“Cisto sinovial”, diagnosticou o médico.
“Toda vez que eu vou pra lá, eu volto renovada, com mais ânimo, com mais vontade de viver, sabe? Eles me dão atenção, carinho. São uns médicos maravilhosos”, diz Dona Diva.
No hospital alternativo que Dona Diva frequenta em Goiânia, o tempo médio de uma consulta é de 40 minutos.
Drauzio: Você acha que essa é uma das razões pelas quais as pessoas procuram esses tratamentos, que não têm eficácia demonstrada.
Nelson Filice de Barros (sociólogo da Unicamp): Eu acho que a possibilidade de conversar, de se explicar e pedir explicações pro profissional, é uma das razões. Se o médico tivesse mais tempo, esse médico do SUS cuidaria melhor. Mas o modelo de cuidado que ele aprendeu a fazer é de muito pouca explicação. Ainda que ele tivesse tempo, ele não explicaria. Ou explicaria muito pouco para o paciente. Porque ele inclui pouco o paciente no cuidado.
O simples fato de ser bem acolhida e de receber uma receita na qual a pessoa acredita reduz a ansiedade e pode aliviar os sintomas. Em medicina, isso é chamado de efeito placebo.
“A gente mesmo que conhece a gente. Eu, antes de tomar esse chá, estava sentindo muita moleza, muito desânimo. E a partir do momento que eu comecei a tomar eu já tive disposição para fazer as coisas”, conta a professora aposentada Sebastiana Teixeira de Oliveira.
Conhecemos Dona Sebastiana no mesmo hospital em que Dona Diva se cuida. Mas foi em sua casa que ela nos contou que, há três anos, teve um câncer de mama. E que entre a descoberta de um pequeno nódulo e a cirurgia, ela deixou passar muito tempo. Um tempo em que preferiu tomar apenas medicamentos naturais.
Drauzio: E quando eles operaram a senhora, essa lesão já era bem grande, não é, Dona Sebastiana?
Sebastiana: É, aí, ele achou necessário já fazer uma mastectomia total.
Drauzio: É, mediu 13 por dez centímetros.
Sebastiana: 13 por dez.
Dráuzio: Quer dizer que era um nódulo.
Sebastiana: Grande.
Depois de um tratamento com quimio e radioterapia, ela se imaginava curada.
“Aí, quando eu fui fazer a revisão agora, no mês de março, ele fez, apalpou tudo aqui, olhou, disse que tem dois nodulozinhos aqui”, diz Dona Sebastiana.
O médico quer saber se o câncer voltou ou não. E indicou uma biópsia. E Dona Sebastiana, atordoada, procurou mais uma prática alternativa. “Igual a terapeuta lá me disse, em três meses o chá já fez efeito e tudo”.
Tomar um chazinho para relaxar e dormir mais tranquilo é uma coisa. Isso é feito há séculos, milênios, e não faz mal. Outra coisa é usar chás e preparados de plantas para tratar doenças. Isso também é muito popular, mas pode ser perigoso. Dona Sebastiana deixou de fazer o tratamento necessário porque achou que estava se cuidando de uma forma mais natural. O tumor cresceu e a doença ficou mais grave.
Nos próximos domingos, no Fantástico, vamos mostrar que as plantas têm poderes medicinais e, por isso mesmo, precisam ser muito bem testadas em pacientes, em estudos clínicos. Você vai saber também o que aconteceu com Dona Sebastiana.
“Eles me disseram o seguinte: que a argila é como se fosse uma quimioterapia”, disse a paciente.
Quando você vai ao médico, recebe uma receita; vai a farmácia, compra seu medicamento. Médicos e Farmacênticos são responsáveis ! Quando você compra produtos sem controle, vendidos boca a boca, por Vendedores não Habilitados... Quem Controla? Quem "receitou" se responsabiliza se o produto não tiver registro no Órgão competente ou Fiscalizador? Quem se responsabilizará se o produto provocar danos a Saúde?
domingo, 5 de setembro de 2010
Falsas Promessas.... Venda Livre e Sem Controle
um exemplo do que acontece diariamente nas páginas da Comunidade Orkut, onde a oferta é para todo tipo de problema que envolve saúde
Analise antes de Consumir
- Performing your original search, HEPATOTOXICITY OF Aloe vera, in PubMed will retrieve 6 citations.
- The New England Journal of Medicine - Volume 354:731-739 February 16, 2006 Number 7
- THE PROTECTIVE EFFECT OF ALOE VERA JUICE (O efeito protetor do suco de aloe vera)
- PHARMACOLOGY OF MEDICINAL PLANTS AND NATURAL PRODUCTS (Farmacologia de plantas medicinais e produtos naturais)
- Analysis of 30 Commercial Aloe Products (Análise Comercial, de 30 de Aloe Products)
- Labrador
- Sistema Eletrônico de Revistas da UFPR
- Pró Reitoria de Pesquisa - UNICAMP
Oferta de Produto Sem Controle Médico - Vídeos
- A milenar Aloe Vera para Forever Living
- Aloe Vera para Câncer
- Articulações e o Forever Freedon
- Denúncias: Documentário contra a Herbalife
- Do cabelo ou pele... direto para o estômago
- Marketing de Rede - SBT Reporter (só que isso não é baton ou shampoo, está sendo INGERIDO)
- O incrivel poder do Aloe Vera
- Produtos Herbalife
- Vendas Plano de Marketing = Lucro Fácil
- Video do Intestino