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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Pro Figado

Pro Figado

CHÁ VERDE
INTRODUÇÃO
A Revista Veja publicou, há algum tempo, artigo citando os benefícios causados à saúde pelo consumo do chá verde, estimulando, portanto, o seu uso. Pediu-se opinião de nutricionistas que testaram os componentes nutricionais e sabor, mas não há qualquer referência científica aos casos de hepatotoxicidade que a maioria dos hepatologistas tem conhecimento, seja por leitura de comunicações científicas, seja por experiência profissional.


MEDICINA HERBÁRIA E FITOTERÁPICOS: PASSADO E PRESENTE
O uso de plantas medicinais como medicamentos nos Estados Unidos aumentou 450% na década passada, e existem mais de 29.000 produtos no mercado(1). Cerca de 65% da população americana faz uso de terapias não convencionais(2 3), sendo que as mulheres são mais propensas a utilizar essa chamada “medicina complementar”(1). Não há dados semelhantes no Brasil para que possam ser comparados.

A utilização de ervas como medicação vem desde a antiga China, da Índia e de outros povos(4), e as formulações foram ampliadas ao longo dos séculos. Muitos pacientes consideram "naturais" quaisquer remédios derivados de ervas, que seriam supostamente completamente livres de efeitos adversos indesejados(5-7). Infelizmente tem-se comprovado que isso é relativo, já que muitos produtos herbários têm atividade biológica, podendo mesmo conduzir a graves efeitos tóxicos.


EFICÁCIA E SEGURANÇA
Remédios derivados de ervas, incluindo chás, pós, comprimidos, cápsulas, etc. não são regidos por agências reguladoras federais ou estaduais nos EUA. Eles foram classificados pelo FDA como complementos alimentares(8). A sua utilização é muitas vezes justificada com base em experiências de tentativa e erro, método não científico e sem escrutínio rigoroso. Como regra geral, mesmo num país com regras tão rígidas junto à indústria farmacêutica, os fabricantes de suplementos não precisam se registrar no FDA, provar a segurança dos produtos, ou sequer obter aprovação desse órgão antes de produzir ou vender seus produtos.

O chamado “chá verde chinês” é derivado da planta Camellia sinensis , e seu uso já levou a inúmeros casos bem documentados de hepatite aguda, alguns deles na forma grave ou fulminante(9 10). Em mais um caso publicado recentemente, inclusive, o paciente necessitou ser submetido a transplante de fígado(11 12).

O mecanismo da lesão hepática produzida pelo chá verde não é claro, mas é provável que exista alguma predisposição genética envolvida(9). Infelizmente, não há como se prever, com os conhecimentos hoje disponíveis, quem tem ou não tal predisposição.

A cada dia se descobre uma nova droga que, antes usada de forma corriqueira, passa a ser condenada de forma incisiva. E isso tem ocorrido com inúmeros fitoterápicos nos últimos anos. Assim, em princípio, tem-se dito que “não há drogas 100% inocentes".


CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Pró-Fígado e o Centro de Hepatologia se mostram preocupados com o artigo publicado pela Revista VEJA já que, por ser veículo de grande prestígio e penetração, poderá estimular um considerável aumento do consumo do chá verde.
Não há testes específicos ou marcadores para confirmar o diagnóstico de uma lesão hepática induzida por drogas. Contudo, o principal elemento no tratamento da toxicidade ao fígado produzida por ervas ou quaisquer outras drogas é a retirada do agente agressor. Então, chega-se a um impasse:

• Proibir seu uso de forma sistemática?
• Monitorar sua utilização?
• E como? . . . com exames de tempos em tempos?
• Quais os exames e qual o intervalo entre as coletas?

Como não há resposta a essas indagações, e em nome da “saúde irrestrita do seu fígado”, a recomendação da Pró-Fígado e do Centro de Hepatologia de São Paulo é de que o mesmo não seja consumido até que novas evidências alterem o panorama acima mencionado. Em caso de dúvida ou questionamento, procure um hepatologista para discutir.



ATENÇÃO: As informações aqui contidas não substituem a orientação, tratamento ou recomendação específica de um médico. Interpretação de exames e conclusão diagnóstica são atos médicos, que dependem da análise conjunta de dados clínicos e de exames subsidiários, devendo, assim, ser realizadas por um médico. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Eisenberg DM, Davis RB, Ettner SL, Appel S, Wilkey S, Van Rompay M, Kessler RC. Trends in alternative medicine use in the United States, 1990-1997: results of a follow-up national survey. JAMA 1998;280(18):1569-75.
2. Strader DB, Bacon BR, Lindsay KL, La Brecque DR, Morgan T, Wright EC, Allen J, Khokar MF, Hoofnagle JH, Seeff LB. Use of complementary and alternative medicine in patients with liver disease. Am J Gastroenterol 2002;97(9):2391-7.
3. Flora KD, Rosen HR, Benner KG. The use of naturopathic remedies for chronic liver disease. Am J Gastroenterol 1996;91(12):2654-5.
4. Schuppan D, Jia JD, Brinkhaus B, Hahn EG. Herbal products for liver diseases: a therapeutic challenge for the new millennium. Hepatology 1999;30(4):1099-104.
5. Larrey D, Pageaux GP. Hepatotoxicity of herbal remedies and mushrooms. Semin Liver Dis 1995;15(3):183-8.
6. Kaplowitz N. Hepatotoxicity of herbal remedies: insights into the intricacies of plant-animal warfare and cell death. Gastroenterology 1997;113(4):1408-12.
7. Larrey D. Hepatotoxicity of herbal remedies. J Hepatol 1997;26 Suppl 1:47-51.
8. US Food and Drug Administration. Center for Food Safety and Applied Nutrition. Dietary Supplements. Available at http://www.cfsan.fda.gov/~dms/supplmnt.html.
9. Javaid A, Bonkovsky HL. Hepatotoxicity due to extracts of Chinese green tea (Camellia sinensis): a growing concern. J Hepatol 2006;45(2):334-5; author reply 335-6.
10. Bonkovsky HL. Hepatotoxicity associated with supplements containing Chinese green tea (Camellia sinensis). Ann Intern Med 2006;144(1):68-71.
11. Molinari M, Watt KD, Kruszyna T, Nelson R, Walsh M, Huang WY, Nashan B, Peltekian K. Acute liver failure induced by green tea extracts: case report and review of the literature. Liver Transpl 2006;12(12):1892-5.
12. Jimenez-Saenz M, Martinez-Sanchez C. Green tea extracts and acute liver failure: the need for caution in their use and diagnostic assessment. Liver Transpl 2007;13(7):1067.

Falsas Promessas.... Venda Livre e Sem Controle

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