Uma operação de repressão sem precedentes em 16 países africanos encontrou 82 milhões de doses de drogas ilegais ou falsificadas, incluindo antibióticos, contraceptivos e medicamentos contra malária, disse em 25 de outubro a Organização Mundial de Aduanas (WCO).
A operação, denominada Vice Grips 2, foi realizada por inspetores de alfândega em 16 portos, entre os dias 11 e 20 de julho, segundo a instituição.
“Foi a maior operação do gênero”, disse Christophe Zimmermann, encarregado das operações contra falsificações da WCO, em uma entrevista coletiva em Paris.
A droga foi avaliada em US$ 40 milhões no mercado varejista, o que indica um volume anual de negócios de US$ 5 bilhões, disse ele.
Os maiores volumes foram encontrados em Angola, Camarões, Gana e Togo. A maior parte das drogas ilícitas vinha do leste e do sul da Ásia – particularmente da China – e do Oriente Médio, principalmente Dubai.
Os medicamentos ilegais são um problema que vem aumentando na África, porque eles podem ser tóxicos ou não conterem a dose necessária do ingrediente ativo para combater uma doença, disseram Zimmermann e outros especialistas.
Os inspetores, com o auxílio de uma agência francesa antipirataria, vasculharam 110 contêineres, 84 dos quais contendo medicamentos ilegais ou falsificados.
Algumas das mercadorias indicavam operações elaboradas ou até mesmo em escala industrial, informaram as duas agências.
Os inspetores encontraram 33 milhões de doses de medicamentos falsificados junto com DVDs pornográficos escondidos em uma remessa de alto-falantes que seriam exportados para Angola. Nenhuma das “drogas” continha qualquer ingrediente ativo.
No Togo, uma remessa contrabandeada de xarope expectorante, que deveria ser mantida refrigerada em temperatura estável entre -2 e 4ºC, estava sendo literalmente cozida em um contêiner cuja temperatura passava de 50ºC.
“A África está sendo usada atualmente como depósito de lixo e isto afeta diretamente a saúde e a segurança do consumidor”, disse Zimmermann.
“Estamos lidando com organizações estruturadas especializadas em fraude internacional, que exploram a globalização em operações que abrangem continentes e países, usando diferentes meios de transportes”.
Duas outras operações serão realizadas na África nos próximos seis meses para manter sob controle os falsificadores de drogas, disse o secretário-geral da WCO, Kunio Mikuriya.